Em que acreditamos
A Fundação ProAR acredita que respirar bem e ter acesso às informações sobre doenças respiratórias crônicas é um direito de todos.
Nesse encontro entre Fundação e coparticipantes, trabalharemos juntos para erradicar as mortes por asma e proporcionar maior qualidade de vida para quem convive com doenças respiratórias, ressaltando a necessidade do diagnóstico e tratamento contínuo adequado.
Quando o paciente e seus familiares têm consciência, tratar passa a fazer parte da rotina, diminuindo as crises e emergências. Quando a comunidade de médicos e profissionais da saúde se propõe a instruir seus pacientes, faz com que todos passem a compreender que cuidar da saúde vai muito além da medicação.
Quando um país têm políticas públicas específicas, presta serviços eficazes e oferece uma vida com mais qualidade para toda a população.
Todos esses esforços juntos ajudam construir nossa mensagem:
Por uma vida com mais ar!
Carta aberta à sociedade
Fundação ProAR
"Por uma vida com mais Ar”
CARTA ABERTA À SOCIEDADE CIVIL
EM PARTICULAR PARA PROFISSIONAIS DA ÁREA DA SAÚDE E GESTORES
Esta carta está sendo compartilhada e é aberta ao apoio de todos que têm interesse em saúde respiratória. O impacto da COVID-19 é brutal sobre os pulmões resultando em dezenas de milhares de pessoas acometidas por insuficiência respiratória no Brasil. Tosse, falta de ar, pneumonia e intubação, fazem parte de conversas em todos os extratos da população. Parece que as pessoas estão se dando conta de que temos pulmões e que, quando acometidos por doença, podem levar à incapacidade ou à morte.
Aqueles que cuidam de pacientes com doenças respiratórias, convivem com a frustração de constatar que muitas mortes a elas relacionadas são atribuídas a “parada cardíaca”. Não são! O Brasil tem cerca de 20 milhões de pessoas com asma, dos quais mais de dois mil morrem por ano (mais de 5 mortes por dia! Na sua maioria prematuras e passíveis de prevenção). Temos ainda mais de 40 mil mortes ao ano pela doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), decorrentes do tabagismo ou de exposições a poluição do ar em casa, no trabalho ou na atmosfera. Há uma grande proporção de casos de asma e DPOC não diagnosticadas. Somos ainda um dos países do mundo com maior número de casos de tuberculose e letalidade por câncer de pulmão, por conta de diagnósticos tardios. As infecções respiratórias estão entre as primeiras causas de morte em toda parte. As doenças respiratórias se expressam pelos sintomas comuns citados acima e, em muitos pacientes, iniciam-se na infância, tal como ocorre na asma. Lamentavelmente, muitas destas crianças são tratadas como portadoras de “bronquite”, sem um diagnóstico preciso ou tratamento específico, o que pode favorecer agravamento da doença e dano irreversível à função pulmonar.
As doenças respiratórias crônicas ou agudas frequentemente estão juntas e sua associação agrava o problema. Por exemplo, um paciente portador de DPOC que tem pneumonia, apresenta um risco de morte mais elevado. As doenças respiratórias crônicas são negligenciadas em políticas públicas de saúde em comparação a outras doenças crônicas, tais como o Diabetes, a Hipertensão Arterial e o Câncer. No Brasil, estima-se que 50% dos asmáticos não têm a sua enfermidade diagnosticada. Entre os que recebem o diagnóstico, há história de sintomas por muitos anos. A segunda fase desta jornada do paciente é o tratamento, nem sempre orientado de forma adequada por não especialistas. Em geral, os médicos de família não sabem tratar a asma. O cenário é semelhante entre portadores de DPOC, estimando-se que só 30% são diagnosticados e a maioria não é tratada corretamente, o que leva a má qualidade de vida, exacerbações frequentes e mortalidade prematura.
As associações profissionais de saúde na área respiratória, assim como as associações de pacientes, têm colaborado tecnicamente para a melhoria do tratamento das doenças respiratórias crônicas no últimos anos, reivindicando dos órgãos governamentais e privados os recursos essenciais para o tratamento, incluindo parcerias com a indústria farmacêutica para incorporar novas tecnologias, que sem dúvida melhoraram as condições de vida e saúde de alguns pacientes, mas não foram suficientes para reduzir significativamente a morbimortalidade das doenças respiratórias. Há décadas que solicitamos uma linha de cuidados para estas doenças que seja baseada na atenção primária para a maioria dos casos e em centros de referência para casos mais graves coordenada pelo Ministério da Saúde. Os PCDT (Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas ) não têm sido atualizados com a frequência desejável, impedindo a inclusão racional de tecnologias que há anos são usadas em outros países, inclusive na América Latina, dando espaço para a judicialização das decisões em larga escala. Falta assegurar o acesso a exames essenciais para doenças respiratórias, tais como a espirometria (que mede a função pulmonar) que, pela indisponibilidade, geram filas de espera intermináveis retardando a conduta terapêutica.
A Fundação ProAR, lançada há pouco mais de um ano, é um ente jurídico de direito privado e sem fins lucrativos, que tem como finalidade, entre outras:
a) promover e apoiar o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação nas áreas de medicina e saúde, visando à prevenção e ao controle das enfermidades respiratórias e imunoalérgicas, através de eventos científicos e capacitações nas áreas de saúde respiratória e saúde coletiva;
b) oferecer apoio técnico na concepção, constituição e gerenciamento de centros de referência para a assistência a pacientes com problemas respiratórios na rede do Sistema Único de Saúde; oferecer assessoria técnica, científica ou didático-pedagógica na área de saúde respiratória a órgãos públicos e privados;
c) promover iniciativas gratuitas de melhoria da saúde da população em geral; e estabelecer parcerias com entidades de ensino e pesquisa para desenvolvimento de projetos de propósito específico voltados à prevenção e ao controle de agravos à saúde.
Esta semana lembramos o “Dia Mundial da Asma” proposto pela Iniciativa Global contra a Asma (GINA) para 5 de maio. A ameaça da COVID-19 requer união de esforços para minimizar o seu impacto desfavorável, com ações baseadas em evidências científicas e na penosa experiência dos profissionais de saúde. Lançamos uma página na internet e uma plataforma, propondo a Fundação ProAR como um espaço de “encontro” de todos os profissionais de saúde, gestores com atividades na área da saúde respiratória, pacientes e seus familiares. A experiência acumulada dos diretores e conselheiros da Fundação ProAR é o nosso principal patrimônio. A Fundação está à disposição da nossa comunidade para conectar iniciativas com outras instituições em ações conjuntas por uma melhor saúde respiratória.
Professor Rafael Stelmach, Presidente da Fundação ProAR
Professor Paulo Camargos, Vice-Presidente da Fundação ProAR
Professor Álvaro A. Cruz, Diretor Executivo da Fundação ProAR