Receber o diagnóstico de DPOC pode gerar ainda mais um problema ao paciente: a falta de entendimento em relação a sua condição. A doença pulmonar obstrutiva crônica, na verdade, engloba duas doenças que se manifestam em partes diferentes dos pulmões: bronquite crônica eo enfisema.
Em parte dos pacientes, a inflamação acontece nos brônquios (canais que levam o ar para dentro dos pulmões), levando a um estreitamento e aumento da produção de muco. Este quadro é chamado de bronquite crônica. Já em outro grupo, o acometimento acontece nos alvéolos, saquinhos de ar que, quando comprometidos, não fazem corretamente a troca do oxigênio pelo gás carbônico no organismo. Essa manifestação é chamada enfisema pulmonar.
"Quando você diz de uma maneira mais efetiva o que o paciente tem enfisema, por exemplo, me parece na prática clínica que ele entende melhor do que quando você diz que ele tem DPOC. Por isso, educar o paciente é sempre importante. A partir do momento que ele entende a doença é maior a probabilidade que ele siga as orientações, o tratamento e mude seu estilo de vida", conta a Dra. Regina Carvalho Pinto, médica pneumologista do HC-FMUSP e membro do conselho da Fundação ProAR.
Com o objetivo de gerar mais conhecimento para o público leigo sobre a DPOC, a Dra. Regina Carvalho Pinto, acompanhada do Dr. Alberto Cukier, Diretor da Divisão de Pneumologia do Instituto do Coração do HC-FMUSP, e o Dr. Rafael Stelmach, presidente da Fundação ProAR, realizaram mais umalive no canal da fundação do Facebook. Clique para conferir.
As causas da DPOC
Por mais que a doença possa se manifestar em partes diferentes dos pulmões, a causa é a mesma, a inalação a longo prazo de substâncias nocivas. Entretanto, alerta o Dr. Alberto Cukier, 70% dos casos são desencadeados pelo cigarro. "Em uma cidade como São Paulo, 6 a 7% dos indivíduos com mais de 40 anos tem DPOC, particularmente se são ou foram fumantes. Seus sintomas variam entre tosse, catarro e diferentes graus de falta de ar e chiado no peito", continua o doutor.
Na lista das três principais doenças crônicas não transmissíveis estão os cânceres, as doenças cardíacas e a DPOC. Porém, ao passo que as duas primeiras já passaram por um amplo processo de conscientização popular e do incentivo aos exames anuais de rotina, as doenças pulmonares continuam negligenciadas pelos pacientes.
"Os fumantes não se sentem alarmados pela tosse, pois eles enxergam como uma alteração simples provocada pelo cigarro. Com isso eles passam 20, 30 anos fumando até vir o sinal de alerta", diz o Dr. Cukier.
Espirometria e cuidados
O diagnóstico precoce e a mudança de estilo de vida pode mudar o prognóstico do paciente, fazendo com que a doença fique controlada. Por isso, pessoas que são do grupo de risco como mais de 40 anos, ex-fumantes, fumantes ou quem esteve muito tempo exposto a queima de poluentes e biomassa (como lenha ou carvão), deveriam fazer com regularidade o exame de espirometria.
A espirometria é um exame simples, no qual o paciente assopra em um aparelho e a partir da análise do fluxo de ar que é eliminado, se torna possível saber se o caso é de DPOC e qual o grau de comprometimento dos pulmões. Entretanto, não é usualmente requisitado por médicos generalistas, diz o Dr, Rafael Stelmach, o que torna o empoderamento do paciente ainda mais necessário.