No debate ao vivo, os profissionais abordaram temas que resumimos a seguir: Acompanhe na íntegra do conteúdo do debate no vídeo abaixo.
Preocupação constante na vida dos pais, a saúde respiratória dos filhos muitas vezes se encontra em uma zona cinzenta, em que bronquite, asma e bronquiolite se confundem em uma série de sintomas semelhantes.
Desfazendo a confusão conceitualmente, a Dra. Zuleid Mattar nos explica que a bronquite é uma inflamação dos brônquios e que pode ser causada por vários doenças. Neste sentido, quando temos a asma, temos também a bronquite; e quando temos a bronquiolite, também temos uma bronquite, o mesmo acontecendo com uma pneumonia e outras doenças respiratórias. Todas essas doenças causam inflamação nos brônquios, a que chamamos bronquite. Qual a diferença portanto entre Bronquite, Bronquiolite e Asma?
Bronquite, Bronquiolite e Asma
Para o asmático, a bronquite é crônica. Não tem cura, mas tem controle. É aquela criança que tem tosse, falta de ar e desconforto em situações, por exemplo, de esforço físico. Entretanto, quando essa bronquite é tratada, ela apresenta melhoras que evoluem para um estado controlado. A asma é uma inflamação generalizada em toda a árvore respiratória e deve ser combatida todos os dias. Daí a importância essencial da adesão ao tratamento.
No caso de uma bronquiolite, que é a inflamação na parte final do brônquio, o bronquíolo, e que acomete crianças mais pequenas, entre 3 e 4 meses, temos uma inflamação que dura apenas um certo tempo e pode deixar sequelas ou não. Portanto, não existe bronquiolite crônica. A bronquiolite pode também estar ligada a um futuro desenvolvimento da asma. A inflamação inicial nos bronquíolos pode se perpetuar.
“Nem tudo o que chia é asma”
O chiado, ou sibilo, é apenas a expressão do brônquio que ficou obstruído pela inflamação. Toda obstrução na árvore respiratória gera um chiado, que pode evoluir conforme o bloqueio do brônquio. Então, temos chiado na bronquite, na pneumonia, na asma, na bronquiolite ou em uma bronquite aguda. A diferença observável é como ele começou, sua duração e sobretudo se ele responde ao tratamento com broncodilatador.
Papel dos Pais no diagnóstico
Em crianças, não é possível realizar exames pneumológicos acurados em qualquer hospital ou localidade. Então, a observação dos pais contribui muito para o trabalho terapêutico do médico. Os sintomas dessa bronquiolite eram fortes ou apenas um nariz escorrendo? A criança respondeu bem ao medicamento anti-inflamatório? Na aplicação da bombinha, apenas uma leve borrifada do broncodilatador já exibe melhoras instantâneas na criança? São perguntas que ajudam a avaliar a gravidade e os possíveis desdobramentos da inflamação e que podem ser mais bem respondidas pelos pais que acompanham o dia a dia da criança.
Fibrose Cística e outras doenças respiratórias
Dr. Rafael Stelmach questiona seus colegas sobre como fazer para evitar a confusão entre o diagnóstico da Bronquite e da Fibrose Cística, doença respiratória que tem fatores genéticos no seu surgimento.
A Fibrose Cística afeta a produção e a viscosidade do muco que, muito espesso, entope os canais respiratórios. Entretanto, a criança paciente de Fibrose apresenta também dificuldade de ganho de peso, inflamações recorrentes e, sobretudo, alterações muito específicos na sua saúde. O exame do pezinho ampliado e uma avaliação de suor muito salgado, próximo ao nível salino da água do mar, são indicativos que ajudam a diferenciar a Fibrose Cística de outras doenças respiratórias.
Segundo os médicos participantes da live, o ideal seria o pediatra possuir o olhar clínico voltado às patologias respiratórias específicas e avaliar desde o início como se dão sintomas, chiados e demais demonstrações das enfermidades.
O pulmão, como ressalta Dr. Paulo Camargos, é um “órgão limitado… só tosse, só chia, não sabe fazer outras coisas”. Então há que ficar muito atento a todos os sintomas correlatos apresentados pelos pacientes.
Pacientes graves: quais fatores externos pioram a doença?
- Um primeiro elemento, como indica o Dr. Rafael Stelmach, é o tabagismo. Seja durante a gestação ou na convivência com as crianças, o tabagismo é um dos principais vilões que geralmente são introduzidos por pais ou parentes próximos na vida das crianças.
- Falta de vacinação por razões ideológicas e a falta de aleitamento materno na infância também expõe as crianças à piora da doença.
- Outro elemento importante que atinge crianças e adultos é a falta de manutenção e frequência no tratamento, o que causa retrocessos e prejudica em muito a qualidade de vida do paciente.
Atenção: Doenças respiratórias deixam sequelas irrecuperáveis na função pulmonar
A atenção à saúde na infância pode evitar que adultos desenvolvam uma restrição na capacidade pulmonar permanente. Mesmo que alguns exames como a espirometria só possam ser feitos com idade aproximada de 8 anos, sinais de comportamento observados pelos pais e analisados pelos pediatras são fundamentais para o tratamento na fase inicial.
Em centros de pesquisa, é possível fazer exames respiratórios em bebês e crianças de menor idade através de equipamentos próprios para tal, como sublinha a Dra. Zuleid Mattar.
Efeitos dos corticoides e fakenews
Em primeiro lugar, os médicos ressaltam que o impacto da doença é sempre maior que algum possível impacto negativo da medicação. “A falta do remédio impacta mais que o uso do remédio” ressalta Dra Zuleid Mattar.
Enquanto corticoides orais são usados sem restrição por pais e mães, é preciso dizer que a bombinha de corticoide inalatório tem dose 10 vezes menor, além de ser muito mais eficiente. O corticoide inalatório vai agir apenas no pulmão, enquanto o corticoide do xarope comum vai atuar no estômago, nos ossos e em diversos tecidos do corpo.
Há ainda a confusão que se fez ao longo do tempo entre taquicardia e ataque-cardíaco. O broncodilatador causa uma taquicardia momentânea. Uma aceleração do coração que precisa bombear rápido para fazer o remédio chegar aonde precisa. Médico nenhum vai receitar um remédio que vai causar ataque cardíaco, sublinha Dra. Zuleid Mattar.
Esses e outros temas são debatidos quinzenalmente pelos médicos que fazem parte do corpo da Fundação ProAR e profissionais convidados. Siga os perfis nas redes sociais da Fundação ProAR e acompanhe nossos debates e outros conteúdos reunidos aqui no nosso site.