Maior causa evitável de mortes no Mundo, o tabagismo foi o tema central de uma live promovida no canal da Fundação ProAR no YouTube. Na conversa “DPOC em debate - parar de fumar e praticar exercício ajudam no tratamento?”, dois especialistas explicaram como o cigarro é determinante no surgimento da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica e deram dicas de como vencer o vício da nicotina. A conferênciafoi mediada pela fisioterapeuta Juliana Franceschini, doutora em Ciências e líder de projetos da fundação.
Dr. José Roberto de Brito Jardim, pneumologista e professor sênior livre docente da Universidade Federal de São Paulo, explicou que DPOC é uma associação entre o processo inflamatório dos brônquios e o processo destrutivo dos alvéolos. E essa combinação, na grande maioria dos casos, é resultado de inúmeras tragadas: “Cerca de 70% dos pacientes que têm DPOC são fumantes e os outros 30% são aqueles que aspiram fumaça de lenha”.
O pneumologista alertou que, além do pulmão, as substâncias danosas do tabaco também invadem as artérias e o coração: “O cigarro tem 7 mil substâncias, sendo 4.720 conhecidas. Entre elas existe uma chamada radical livre, que é a que lesa os pulmões. Quando uma pessoa dá uma tragada, ela está consumindo um quatrilhão de radicais livres na fase gasosa”.
Parar de fumar é possível
Rosangela Vicente, psicóloga e coordenadora do programa de cessação de Tabagismo da Unifesp (Prevfumo), avaliou que as informações corretas sobre a doença ainda não são difundidas como deveriam. “Como reverter a vontade de fumar? É pensar em si próprio. O corpo é meu, a doença está dentro de mim. Lembrando que o tabagismo é uma doença que piora todas as doenças”.
A coordenadora do PrevFumo reiterou que, além de procurar ajuda especializada e praticar exercícios físicos, também é preciso tomar cuidado com marketing de produtos com roupagem moderna como o cigarro eletrônico e o narguilé: “Uma sessão de narguilé equivale a cinco maços de cigarro. Se você olha o produto e está escrito ‘tabaco’, você está na mesma folha que dá origem ao cigarro. Não importa se lá também tem o nome ‘natural’”, advertiu.
Começa na infância
Dr. José Roberto de Brito Jardim explicou que o diagnóstico de DPOC é amparo em um tripé formado pelos sintomas (tosse, catarro pela manhã e falta de ar em atividades cotidianas), fator desencadeante (tabagismo ou ambiente insalubre) e o exame de espirometria. Ele também deixou claro que crianças filhas de pais fumantes vão correr mais risco de contrair a doença crônica. “DOPC começa dentro do útero da mãe fumante, prolonga-se ou piora se a mãe amamenta e é fumante, e cresce no meio em que o pai, a mãe ou os dois fumam. O fato de essa criança vir a fumar aos 15 anos, já na adolescência, é só para consolidar uma doença que já estava predisposta”.