O debate sobre asma grave, suas implicações e formas de tratamento pautou o webinar da Fundação ProAR destinado aos profissionais de saúde. Mediado por Dr. Rafael Stelmach, presidente da fundação, a conferência virtual contou com a participação de quatro conselheiros e do diretor executivo Dr. Álvaro Cruz. Confira abaixo um resumo da conversa:
Pneumologista pediátrico do Hospital São Lucas e do Hospital Moinhos de Vento,Dr. Paulo Pitrez destacou os estudos que apontam o início do remodelamento brônquico na idade pré-escolar. "É uma janela de oportunidades importantíssima para a gente atuar". O especialista alertou também que o perfil de asma grave alérgica, atópica e sensibilizada é aquele que mais gera perda de função pulmonar. "Os pacientes com asma grave são altamente suscetíveis a um grande fator de risco para serem DPOCs na idade adulta".
Dra. Regina Carvalho Pinto, pneumologista do Hospital das Clínicas e do Incor, alertou que médicos costumam aumentar a medicação do paciente que não responde à fase inicial do tratamento. "Primeiro, é preciso conversar com esse paciente. É nessa conversa que a gente acaba pegando detalhes que podem mudar a nossa conduta". A especialista defendeu a adoção uma linha de raciocínio para investigar o tipo de asma do paciente. "Como essa estratégia, a gente consegue definir se esse paciente é de difícil controle ou se é grave".
Diretor executivo da Fundação ProAR,Dr. Álvaro Cruzrelatou que a falta de cuidado na atenção primária pode desencadear o surgimento de pacientes adultos com obstrução irreversível das vias aéreas. "Muitos precisam do imunobiológico e não têm o acesso assegurado com a rapidez que precisam". O pneumologista acredita que a diminuição da sobrecarga de pacientes com asma grave vai depender desse arranjo no atendimento precoce. "Só evitandoexacerbaçõesé que a gente diminui as chances de remodelamento e obstrução irreversível".
Dr. Alberto Cukier,professor e diretor de Pneumologia da Faculdade de Medicina da USP, lançou uma reflexão sobre fenótipo e compartilhou sua própria definição do termo: "Eu gosto da definição de fenótipo como algo que eu posso caracterizar e, ao caracterizar, eu tomo uma atitude, e a minha atitude muda o caminho desse paciente". Cukier também chamou a atenção para a dificuldade de escolha dos imunobiológicos.
Dr. Martti Antila,médico alergista e pesquisador, reforçou a importância do diagnóstico precoce e de uma boa investigação: "Como nós fazemos o diagnóstico de uma asma grave? Anamnese". O conselheiro da Fundação ProAR acredita que o acesso a medicamentosprecisa ser ampliado. "Muitos dos pacientes asmáticos graves são aqueles que não tiveram acesso (a corticóide inalatório). É preciso que os pacientes tenham acesso aos imunobiológicos".