Nos próximos dez anos, as doenças respiratórias crônicas serão a terceira maior causa de mortes no mundo. O alerta ecoado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) deixou uma interrogação no ar. Afinal, o que está sendo feito para evitar que essa projeção se confirme no futuro?
No Brasil, onde a previsão negativa da OMS deve se concretizar antes do prazo de uma década, a Fundação ProAR enviou sugestões ao Ministério da Saúde durante uma consulta pública para o enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). “A Fundação propôs que sejam criadas linhas de ação e cuidados para asma e DPOC, além de tornar mais eficazes aquelas relacionadas ao câncer de pulmão”, explicou o pneumologista e presidente da Fundação ProAR, Dr. Rafael Stelmach.
Outra bandeira da Fundação diz respeito à ampliação do cerco ao tabagismo: “O programa de combate ao tabagismo no Brasil já é um caso de sucesso mundial. Deve ser reproduzido em locais do Brasil onde o programa ainda não chegou e que tenham percentual alto de fumantes, como no Sul e Sudeste”, pontua Stelmach.
Começar pelo básico
Especialistas sugerem o aumento dos investimentos na atenção básica, ou seja, no sistema que alimenta o funcionamento de postos de saúde e unidades de pronto atendimento. O Conselho Nacional de Saúde advertiu que o número de pacientes por unidade de saúde aumenta com apetite desproporcional aos recursos financeiros.
“Há uma certa negligência”
Investigando a saúde brasileira, o presidente da Fundação ProAR identificou “uma certa negligência” no diagnóstico e acompanhamento de pacientes com doenças respiratórias: “Nessa área, os programas de cessação de tabagismo e medicamentos básicos fornecidos pelo SUS são os únicos em atividade”. Bons exemplos de cuidado abrangente já existem, com destaque para os programas de hipertensão arterial sistêmica, diabetes e para portadores de câncer.
Fundação entrou em campo
Além de sugerir mudanças ao governo federal, a Fundação ProAR também arregaçou as mangas e implementou parcerias para melhorar a saúde respiratória de municípios através de um conjunto de ações. As primeiras experiências já estão em curso nas cidades de São Bernardo do Campo, Franco da Rocha e Pindamonhangaba, em São Paulo; e em Salvador, na Bahia.
Gasto excessivo com hospitalização
Dr. Rafael Stelmach reivindica mais holofotes para outro desafio do atendimento aos pacientes com asma e DPOC: “Diferente das doenças cardiovasculares, as respiratórias crônicas têm menor mortalidade. Porém, são 70 a 100 mil hospitalizações por ano para asma, e já foram quatro a cinco vezes maiores no início do século”. Uma saída para diminuir as internações seria ampliar a oferta de medicamentos de controle e cuidar para que a atenção básica faça a sua parte.