Um pouco de tosse e aquele cansaço leve surgem de repente. Por mera intuição, os culpados são logo apontados: o cigarro, a idade avançada ou o aumento de peso. Os sintomas persistem, mas são ignorados, e a consulta a um médico fica para depois. Assim começa o roteiro recorrente entre pacientes de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).
Mesmo figurando entre as três principais doenças crônicas não transmissíveis, a DPOC continua pouco conhecida. Para Dr. José Roberto de Brito Jardim, pneumologista com larga experiência, a desinformação não envolve apenas a população, mas a própria classe médica. "Seria diferente se os pacientes fossem educados para reconhecer que uma pessoa que tem tosse, catarro e falta de ar, por mais leve que seja, mas que se contínuo, deveria procurar um médico".
A DPOC engloba um conjunto de subtipos, e todos eles diminuem a saída de ar dos pulmões. Isso acontece porque uma obstrução brônquica comprime esse caminho, e muitas doenças podem comprometer esse fluxo. Na maioria dos países, 70 a 80% dos pacientes que têm DPOC são ou foram fumantes.
Como identificar em três etapas
O diagnóstico adequado da DPOC deve incluir três etapas.Primeiro, vem a análise do quadro clínico, ou seja, dos sintomas de tosse e catarro. Na sequência, é chegada a hora de uma boa investigação da história de exposição a fatores agravantes como cigarro,a fumaça de lenha ou produtos químicos.
A espirometria, espécie de "teste do sopro” que mostra volume e fluxo de ar que sai dos pulmões, completa a lista de procedimentos. Para Dr. José Roberto de Brito Jardim, essa etapa final ainda enfrenta muita resistência: "O médico não pede por duas razões: primeiro, falta de conhecimento e dificuldade para entender a espirometria. O segundo problema é que não é tão fácil ter um laboratório e um técnico disponíveis para realizar o exame, principalmente na rede pública e em cidades pequenas".
Tratamento com e sem remédios
Uma vez identificada, a DPOC pode ser tratada em dois eixos. A primeira frente inclui um punhado de recomendações fundamentais para a recuperação do paciente: exercício físico, educação, mudança de comportamento, conhecimento de nutrição e adequação do peso. Já a abordagem farmacológica, ou seja, com o auxílio de medicamentos, costuma ser pontuada pelo uso de broncodilatadores.