Se você é fumante, tem mais de 50 anos e consumiu uma média de um maço de cigarro por dia ao longo de pelo menos vinte anos, chegou a hora de redobrar os cuidados com ocâncer de pulmão. Pessoas com este perfil estão no grupo com maior risco de desenvolver essa doença maligna, que é a mais comum entre os cânceres em todo o mundo e a principal causa de mortalidade por câncer no Brasil.
No Dia Mundial de Combate ao Câncer, celebrado em 4 de fevereiro, especialistas da Fundação ProAR reuniram dicas e informações importantes sobre o diagnóstico precoce da doença, o que triplica a chance de sobrevida do paciente. Mas, antes mesmo de agendar uma consulta, é preciso ter em mente que eliminar a fumaça do cotidiano será o primeiro passo.
“A primeira coisa a fazer, se a pessoa fuma, é parar de fumar”.
De acordo com a Dra. Angela Honda, pneumologista e líder de Programas Educacionais da Fundação, e Juliana Franceschini, fisioterapeuta e líder de Projetos da organização, cerca de 85% dos diagnósticos de câncer de pulmão têm relação com o consumo de derivados de tabaco. “A primeira coisa a fazer, se a pessoa fuma, é parar de fumar. Caso ela sinta que precisa de ajuda nesse processo de cessação do tabagismo, existem grupos de apoio ou ela pode procurar um pneumologista”.
Basta lembrar que a mortalidade por câncer de pulmão entre fumantes é cerca de 15 vezes maior do que entre pessoas que nunca colocaram um cigarro na boca. Já entre ex-fumantes, o risco é cerca de quatro vezes maior, de acordo com oInstituto Nacional do Câncer (INCA).
Cálculo pode ajudar
Além do tabagismo e da idade acima de 50 anos, um cálculo simples também pode ser útil para dimensionar quem está no grupo de risco. É só multiplicar o número de maços fumados por dia com o número de anos de tabagismo. Por exemplo: a taxa de “20 anos-maço” equivale a um maço por dia ao longo de 20 anos de tragadas ou dois maços por dia durante uma década. Se chegar nesse estágio, é hora de ligar o alerta e buscar ajuda médica o mais rápido possível.
Demora no diagnóstico preocupa
Indicados apenas para pessoas com alto risco para câncer de pulmão, os exames de diagnóstico podem salvar muitas vidas. Para aumentar essa possibilidade, é essencial que a doença ainda esteja na fase inicial. Estudos demonstram que, nessa etapa preliminar, a Tomografia Computadorizada de Tórax de Baixa Dose de Radiação (TCBD) é capaz de detectar nódulos e tumores pulmonares.
Dra. Angela Honda e Juliana Franceschini alertam que a oferta desses exames está longe do ideal. “O acesso a exames de diagnóstico por imagem e a procedimentos complementares como broncoscopia ou biópsia transtorácica ainda é limitado em muitas regiões, o que impacta diretamente no diagnóstico da doença”, avaliam.
Um levantamento doINCA revelou que apenas 16% dos casos são descobertos no estágio inicial, quando as chances de sobrevida em cinco anos chegam a 56%. Considerando os diagnósticos em todos os estágios, a taxa cai para apenas 18%. “As campanhas educativas e de cessação do tabagismo devem continuar e se intensificar, com foco específico na população mais jovem”, reiteram as especialistas.